segunda-feira, 25 de março de 2013

Vale a pena ler de novo





TERRITÓRIOS INVISÍVEIS


Na primeira vez que li Territórios Invisíveis fui acometida de um insano desespero de chegar até a última página que não me permitiu parar para comer, ir ao banheiro ou lembrar de respirar. Esse último agradeço por estar tão incorporado a minha pessoa, que não precisa de sinais de necessidade para que a respiração se dê. Obrigada! Mas o que sobrou teve que gritar, e muito para que eu abandonasse alguns minutos a leitura para as coisas mundanas e que atrapalham muito quando se está em um universo paralelo com o cérebro, mas em nossa dimensão chatinha e normal com o corpo.  



Quando cheguei ao final, de um fôlego só, naquela última frase maravilhosa, mas também bandida e cruel, percebi que teria o que chamamos de “crise de abstinência”, então, a fim de evitar esse sofrimento, comecei a ler tudo de novo. Dessa vez com mais vagar, mais pausas, lendo os diálogos com travessões e pontos (oops!), prestando atenção aos detalhes. E, quando percebi, estava sofrendo os mesmos sofrimentos, chorando pelos mesmos motivos, rindo das mesmas piadas. Tudo novamente, como se fosse a primeira vez.
É isso que Territórios Invisíveis faz. Te arrebata de tal forma que você esquece onde está, com quem está, esquece de tudo. Se não parar para pensar ou mudar de posição no assento, acreditará totalmente estar em Yvymarã. 

O sedutor do livro é fazer com que você saiba onde a história está acontecendo, ou pelo menos tente descobrir o mais rápido possível por que ela acontece aqui, ao nosso lado, na rua depois da esquina, na praça onde eu passo todos os dias, a caminho do trabalho. É uma história tão viável e possível que quase engana quando tenta desdizer que existem caminhos que desconhecemos, com portais que não vemos e os quais ainda não descobrimos.
Além da história dolorosa do vazio sobrado amarelo, mesmo ocupado com seus 3 habitantes, há todo um  envolvimento que a autora provoca empaticamente com esses personagens e que faz com que tomemos como nossas suas histórias, dores e amores. Sim, porque não basta só sermos solidários com o vazio da ausência da mãe de Ariadne e Hector, também adotamos Leo, com suas dificuldades e durezas da vida, e Camila por sua doçura e delicadeza. E amamos Neco por sua sabedoria nerd e sua vontade desesperada de ser útil, quando tudo e todos dizem que ele é o único que pode dar meia volta e viver feliz para sempre. 

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