quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pequena nota sobre tradições, costumes, comemorações, atitudes xenofóbicas e coizital.


Hoje pela manhã, vindo de trem para o trabalho, ouvi uma conversa que era mais ou menos assim:
- A Fulaninha e o Fulaninho foram para a escola, hoje, fantasiados de monstrinhos. Ficaram umas gracinhas, mas não sei pra que as profes inventam isso.
- Verdade, meu! Acho ridículo ficarem comemorando “festa das bruxas” quando isso nem faz parte da nossa história, do nosso povo. Vão aprender a ser peão e prenda e dançar chula que vale mais. Até sambar um carnaval tá valendo. Agora, vir dar uma de metida a cultura americana, não dá, né? Pouca vergonha achar que dá pra adotar costume americano e que todo mundo vai engolir.
- Falou bem certinho. Também acho, mas mudando de assunto, já decidiram onde vai ser comemorado o aniversário do Ciclano?
- Tinha uns quatro lugares e pra não dar briga fizeram votação. Vai ser no Mac da Doutor Flores mesmo. Pertinho do escritório e tem como reservar os lugares. Melhor assim, né? Ninguém briga nem chega atrasado ao trabalho para o turno da tarde. “
Ponto final, pois meus ouvidos começaram a zunir e a parte de mim que não é sociável nem domesticada começou a tentar sair pela garganta. Pensando bem, nem sei se saberia responder a tantas bobagens juntas sem passar algumas horas dando de dedo em tanta xenofobia mal estruturada.




Fiquei pensando nisso a manhã toda e, agora à tarde, ao dar uma xeretada no Facebook vi um post que adorei (e já compartilhei), falando exatamente sobre aqueles que acham que Papai Noel nasceu no Brasil, e que o Coelhinho da Páscoa, antes de virar adulto, se exercitava nos pagos do Rio Grande do Sul.
Aos que torcem o nariz para o Halloween dizendo que isso não faz parte da nossa (leia a palavra "nossa" como se estivesse falando com a boca cheia) cultura, sinto dizer, mas há controvérsias. Se formos levar essas comemorações ao pé da letra teríamos outras festas ditas daqui que não deveriam existir, sendo que vieram com imigrantes de todas as partes do planeta, portanto faziam parte de todas as outras partes do planeta. Sendo assim, teríamos que inventar o Dia do Curupira, Dia da Mula-sem-cabeça, Dia do Boto-cor-de-rosa, entre outros, se quiséssemos comemorar algo nascido exclusivamente aqui (em alguns casos, ainda teríamos que perguntar a opinião das tribos indígenas que lhes deram origem, não esqueçam).

E é por isso que reafirmo: Eu amo ser brasileira e ter a mistura de crenças, raças, cores, cheiros e sabores que meu país tem. E eu amo comemorar o Halloween, que, das festas pagãs, para mim, essa é a mais "fantasticulosa"! E vou continuar amando comemorar o Natal também, por tudo o que ele representa no meu fim de ano. E vou continuar não gostando de carnaval, exceto pelo feriado que ele proporciona. E vou continuar achando motivo para meus dias serem mais felizes e divertidos, pois de sério e difícil, já me basta assistir os telejornais na 
TV.






Bom Halloween para você também!  

4 comentários:

  1. Carnaval não é uma festa francesa? Árvore de Natal não é algo que nasceu aqui. Páscoa, com ovos e coelho, é festa pagã, e no Brasi não somos pagãos (por assim dizer). Gente que não sabe que a Cuca é bruxa, e pensa que ela é apenas uma jacaré com peruca... eita!

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    1. Precisamente, Lívia. E parece que por aqui esse tipo de (falta de) conhecimento dá em árvores.

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  2. Ótimo texto, Lica...compactuo com as festas, exceto Natal, visto que nao sou lá muito de festas não-pagãs...risos

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